por Izan Petterle em 13 de maio de 2009
"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."
João Guimarães Rosa
Existem cidades míticas no imaginário dos apreciadores da boa literatura nacional. Cordisburgo, em Minas Gerais, é uma delas. Aqui, em 1908, nasceu Guimarães Rosa, considerado por muitos como o maior escritor brasileiro contemporâneo.
O nome Cordisburgo foi dado em homenagem ao padroeiro da cidade, o Sagrado Coração de Jesus. A etimologia vem do hibridismo: cordis, do latim, que significa "coração" e burgo, do alemão, que significa "vila" ou "cidade".
Aqui, em todo o mês de julho, acontece a Semana Roseana onde são exibidas mostras de filmes e de teatro, leituras, palestras, passeios pela cidade e debates sobre a obra de Guimarães Rosa. Um dos destaques da programação é a Caminhada Eco-Literária, que percorre os locais de Cordisburgo que são citados por Guimarães Rosa em seus livros. Uma das principais atrações naturais do lugar é a Gruta do Maquine, descoberta pelo famoso naturalista dinamarquês, Dr. Peter Lund.
Minha vinda para cá tem uma carga de desafio muito grande. Afinal, como é possível alguém fotografar a cidade de um escritor que simplesmente revolucionou a linguagem da moderna literatura brasileira sem cair em algo óbvio e redundante? A tarefa era arriscada e o grau de dificuldade tamanho, ao ponto de Ronaldo Ribeiro, meu editor na revista National Geographic Brasil, propor-me que eu viesse por conta e risco. Se por acaso ele não gostasse do material produzido – o mais provável, segundo ele -, eu não seria remunerado por meu trabalho. Minha resposta foi: "É meu número". O material foi publicado e simplesmente a revista ganhou o Prêmio Abril de Jornalismo, na categoria Cultura, por essa reportagem.
Agora, trabalho com o produtor cultural de Belo Horizonte, Henrique Godoy, em um novo projeto: publicar um livro com as minhas fotos e com os textos da Regina Pereira. Torço para que dê tudo certo.
Voltarei em breve para Cordisburgo. Enquanto isso, aproveitem e conheçam essa hospitaleira e extraordinária cidade. Aqui, as memórias das obras de Guimarães Rosa estão vivas como em nenhum outro lugar do Brasil.
Magnífica postagem!
ResponderExcluirUm abraço
Oi!
ResponderExcluirBelo poste
Belas imagens.
Bjs
Estive em Cordisburgo semana passada fiquei sentada em frente a casa onde morou Guimarães Rosa, foi como fazer o tempo parar pra eu olhar esta cidade tão linda e calma...
ResponderExcluirBelo Post, parabéns!
Beijos da flor!